domingo, 29 de maio de 2011

Preto - maquiagem.

Frio, frio e frio.
Olhava com os olhinhos no canto se era aquele ponto rosa, seu agasalho de lã. Dá grandes passos, desajeitados, estende os braços tremendo de frio e poe a roupa. Menos frio, ao menos. Vai pra perto da lareira e se senta, e espirra. Ih, mamãe vai brigar comigo, pensou. Esquenta as mãos e fica em silêncio. Cansa de ficar quieta e vai para a cama enquanto os pais ainda jantam. Adultos, comem tão devagar. Riu e subiu aos pulos as escadas da casa. Entra em seu aconchegante quarto e se espreguiça. Olha para a janela e fica ansiosa com o dia de amanhã. Suas amigas iam vir para casa.
Elas chegam cedo, e ela fica animada. Diz a Deus por dentro: Obrigada pela companhia delas! Convida-as para dentro naquele sábado de bom dia. Dão gargalhadas conversando sobe os menininhos chatos da escola que se acham espertos. Pobres meninos, não sabem de nada. Terminam seus cafés-da-manhã de torrada com geleia de morango e leite, e vão brincar lá fora. Como é inverno, ainda é frio. Correm de lá pra cá procurando pedrinhas bonitas. Correm até cansar e achar pedras menos feias, que lembram coisas engraçadas. O dia vai indo bem. Ela fala com uma de suas amigas, a pequena. A pequena e ela guardam grandes segredos e confiam uma na outra todas as coisas cabeludas. Ela, feliz por ter sua amiga pequena conta algo que seu melhor amigo pede para ela não contar. A pequena, assente e continua a correr pelo jardim. Depois de se exaurirem, decidem ir pra dentro para comer bons doces e fazer um teatro de bonecas. Tão divertido.
Hora de ir embora. Ela fica triste porque as mães, injustamente chegaram no meio da brincadeira do fim da tarde. Pensa: só porque amanhã a gente vai pra igreja.

Boceja grande, deveriam ser as brincadeiras de ontem, pensa no culto das crianças. Seu amigo está logo lá. Cutuca ele e dá um sorrisinho. Ele retribui. Acabando a escola dominical ele vai embora, pois tinha de ir na casa da avó. Se despedem e ela se sente insegura. Aquilo era quase traição de confiança. Ou talvez, de fato era.
O colégio, em suas aulas chaaatas, ficam mais intediantes. Ela olha para o amigo e ele a encara, bravo. Assustada, se agita. Será? será que a pequena contou? pensa sozinha abrindo a boca. Espera o recreio e vai atrás de seu amigo que logo a evita.
-Fiquei sabendo que contou tudo.
-Eu? quem te disse isso? é mentira!
-...é mesmo? que susto...fiquei então bravo a toa. Pensei que tivesse contado.
-Não...né...
E o sorriso bobo de seu amigo retorna a sua frente. Culpada, ve ele voltar para a carteira pegar seu suco de maçã. Puxa sua camiseta e diz que contou sim, tudo para a pequena. Pára de tomar seu suco e o derruba no chão. A empurra e vai embora correndo. Então ela chora, triste.
Mesmo depois de tirar satisfações com a pequena, a pequena não entende. A pequena não conhecia ela tão bem como a amiga grande que também fora a sua casa naquele dia. Guarda rancor e não consegue mais brincar direito com a pequena. Suas desculpas foram muito superficiais para ela.
Ela e grande então se aproximam. Pequena vai viajar com a família. Ela e grande começam a compartilhar segredinhos e curiosidades bobas, mais e mais. Nunca contaram coisas cabeludas de outras pessoas, então ela já não tinha tanto medo de sua amizade com grande.
Ela, quando lembrava das mágoas conversava com Deus, antes de dormir. Deus respondia com carinho a ela através da mãe e do pai, além dos estudos de domingo. Ela pouco entendia que Deus ainda agia na vida de ela, pequena e de seu amigo, que ela tinha muito a aprender e a confiar também.
Pequena volta de viagem e ela fica meio chateada. Não queria ainda brincar pra valer com pequena. Nos recreios, grande continua a falar com pequena. Ela observa e fica a brincar sozinha com seu cachorrinho de borracha, com forma especial de poddle.

Como os pais de pequena e grande são bem próximos, pequena dorme bastante na casa de grande, e vice-e-versa. Os pais animados com o fim do inverno, conversam mais e mais para planejar suas manhas a serem feitas na pesca, além do trabalho semelhante de administração que realizam. Quanto mais próximas, grande e pequena ficavam, ela mais triste ficava. Sentia-se isolada na escola ao ver elas. Ainda brincavam as três, mas ela não se sentia bem.
Pequena tinha o péssimo hábito de falar o nome de Deus em vão. Grande aprendia com isso, e começara o hábito também. Ela, cutuca as duas a repreendê-las, mas nada adianta. Conversa sério com grande, em quem tem confiança em um cantinho, perto dos armários.
-Grande, sabe...isso é feio...não é melhor parar?
-Eu sei. Vou pensar bem, tá bom?
Grande e pequena continuaram a falar o nome de Deus em vão e ela ficava brava. Ela reclamava a Deus, mas não orava por suas amigas.
Então a confiança em suas amizades foi diminuindo, diminuindo. Até que Deus, bem de perto disse que era necessário ter misericórdia, perdão e ainda confiança. Porque Deus confiou nela.

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