segunda-feira, 9 de maio de 2011

Marrom tablado, cinza escadas.

Nos sábados faço aulas preparatórias para a segunda fase de vários vestibulares. Participo da área de Humanas, onde as matérias estudadas são História, Geografia, Português e Matemática. São aulas ótimas, venho gostando bastante delas, por mais que elas sejam cansativas e complicadas. No primeiro dia, principalmente na aula de História, me senti muito deslocada e atrasada. A matéria das quase três aulas seguidas foram Antigo Oriente Médio, contexto anterior à Grécia, etc. Nossa. O pior não foi a matéria em si, mas sim os alunos de carteirinha do cursinho que sabiam respostas de cór e respondiam imediatamente às perguntas do professor. Um pouco assustador, ao menos para alguém que não sabia que existia um termo chamado Modo de Produção Asiática(e ainda não o entende direito).
Com o passar das aulas, vim me acostumando, tanto que já se passaram várias semanas desde março. As aulas que mais dão conteúdo são as de História, com certeza. Uma vez que há um professor, cego(fisicamente), que tem em sua sala de aula aos sábados, ao menos um outro professor da mesma unidade e uma pessoa formada em História a ouví-lo e aprender mais. Muito inteligente, mesmo tendo idade avançada, e muito interessante.
Em certos momentos das aulas ele comenta sobre ''alunos inesquecíveis'', no sentido negativo e positivo. Quando ele comenta dos alunos inesquecíveis-positivos adere o fato de que ele aprende, de seus próprios alunos, informações e observações, citando os comentários sem vergonha. Me perguntava como ele podia acreditar facilmente em tais ideais, sendo tão experiente na área. Foi então, que aos poucos cheguei a conclusão de que na verdade, ele não aderia simplesmente as informações e observações, analisáva-os, mas isso porque estava aberto a ouví-las.

Um dia, fiquei com uma dúvida e ao final das aulas fui perguntar-lhe o que não havia entendido. Com muita vergonha, já que todo final de aula se reunem 6 a 8 pessoas tirando dúvidas ou discutindo sobre questões de história, que cheiram a inteligência, me direcionei a ele, sem pensar muito, para não deixar passar quieto. Até treinei o que ia perguntar mentalmente. Ele era intimidador por ser o melhor professor de História que já tive. Então falei, com a voz um pouco trêmula. E ele, de pertinho, com o ouvido perto de mim assente e diz que levanto uma boa questão para meu alívio. Então a dúvida some e minha satisfação de ter tirado a dúvida com aquele homem pouco ignorante e muito aberto, aparece. Saio da sala com um sorriso pensando que talvez, é bem melhor ser burra a aprender, do que ignorante. Por mais que meus joelhos vacilem de orgulho.

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