sexta-feira, 8 de abril de 2011

cinza, jeans e marrom.


Há aproximadamente uma semana eu estava, espiritualmente, psicologicamente e emocionalmente, estável. Estabilidade desde fevereiro, coisa um tanto rara da minha parte, para aqueles que me conhecem a fundo, sabem que sou uma pessoa muito instável. Um pouco antes de semana passada, conversei com um amigo que já está na faculdade, cursando RI(Relações Internacionais), lá no centro cultural, o meu terceiro lar, praticamente. É um cristão, que me disse que gostaria de ser missionário. Quando ouvi isso dele, mal acreditava, ele não passa aquela imagem de pessoa ''haleluia'', sem ofensas, é claro. Estávamos compartilhando algumas ideias, uma delas era a sobre um livro de discipulado que venho lendo com o departamento da igreja que auxilio, a pré-escola, que falava de diversas coisas, principalmente insentivos, e que naquele momento havia emprestado a ele. Então, ele comenta também de um vídeo que ele havia visto enquanto ele estava no cursinho, e que havia lhe dado muitas forças. O testemunho de Mark Hall, de Casting Crowns ''Voice of Truth''(recomendadíssimo). Ansiosa, logo o assisti. O testemunho é ótimo, principalmente para pessoas negativas como eu. Fiquei toda emocionada, pois no vídeo acabei recebendo algumas respostas que vinha buscando, e depois de pensar um pouco, resolvi orar. Me isolei no meu quarto de estudos, enquanto meus pais dormiam e orei. Foi um ótimo momento de intimidade com Deus, mas não foi firme o suficiente para me dar sustento alguns dias depois.

Alguns dias depois, comecei a apresentar sintomas de diarreia. Não era nada sério, não estava vomitando e não sentia enjoos. Nada que estivesse me atrapalhando. Entretanto, um ou dois dias depois, comecei a sentir dor de garganta, e logo peguei uma baita gripe. Não parei de estudar, já que eu sabia que eu estava em um bom ritmo nos estudos, bons pensamentos e paz. Fiz um simulado, com todo esforço e depois dele comecei a sentir muito cansaço. Imaginei que era o fato de ter ficado horas sentada realizando a prova sem descansar, ou algo que o valha, mas estava sentindo tontura. Aos poucos, na mesma tarde do simulado, minha tontura me acompanhou até me irritar um pouco. Andei um pouco, tentei estudar, mas sem resultados, decidi ir a loja em que minha mãe trabalha, perto de uma farmácia que tinha uma senhora simpática que talvez pudesse me dar algumas instruções.

Chegando na loja, comentei os acontecimentos a minha mãe e fui a farmacêutica. Depois de medir minha pressão, ela só disse para eu tomar Gatorade's e não comer nada, que tudo estava acontecendo, provavelmente, por causa da diarreia. Assenti, e logo comecei minha ''dieta''. No dia seguinte, eu podia descansar, por ser sábado, mas resolvi mesmo assim ir às aulas especiais que estou exercendo, direcionadas a segunda fase de alguns vestibulares, já que o curso tem ótimos professores e aulas. Consegui assistir as aulas, mas meu desempenho estava péssimo. Pensei que era o cansaço, só que senti mal estar. Mal suportando direito as aulas, mando uma mensagem ao meu amigo próximo, um pouco mais velho que já anda na faculdade e dirige, pedindo uma carona da paulista até o bairro da farmacêutica. Ele confirma por mensagem que poderia, e logo me acalmo. Passadas as últimas, intermináveis aulas de história começo a sair da sala de aula, cansada e ele me avisa que não poderia me dar carona. Decepcionada ando e a tontura volta a me perturbar, porém um pouco mais forte. Descendo as escadas sinto tanta tontura que minha visão ''gira'' enquanto me seguro às rampas. Brava por estar naquele estado, ao mesmo tempo angustiada, termino de descer as escadas e vou a rua. Continuo andando em direção ao metrô Brigadeiro e minha visão ''gira'' mais uma vez. Dessa vez, um pouco mais assustada e triste, começo a ficar prontamente desanimada. Passando o Macdonald's, a banca de jornal, os pedestres, alguns mendigos, o grande número de pessoas, chego ao metrô que estava fechado e com uma folha sufite grudada, com o anunciado: O metrô Brigadeiro estará fechado temporariamente entre o dia 1 de abril a 4 de abril(dia 1 de abril, era aquele dia) devido a construções(ou algo assim). Depois de um suspiro fundo, ligo para minha mãe, sabendo que ela odiaria a minha ideia de eu pegar um táxi, já que ela acha super perigoso uma moça ir sozinha, mas sem muitas opções ligo.

- Omma, vou pegar taxi que o metrô tá fechado aqui.

- Pegar táxi?! até aqui?! por quê?!

- Eu já disse.

Ficou um momento de conversa, da parte dela e então:

- Você tem que pegar táxi mesmo?

- Omma, como é então que eu vou embora!?!? - disse, quase gritando aos choros, com muita raiva de toda a situação.

Pego o táxi, muito infeliz de meu amigo não ter dado a carona para evitar todo aquele drama. Chego na farmácia, a bateria do meu celular acaba e eu, preocupada com a reação neurótica da minha mãe, vou até a loja, andar apesar do estado, só para avisar que estava bem e que iria a farmacêutica. A senhora mede novamente minha pressão, faz alguns comentários e diz que são sintomas de labirintite e me dá remédios, como DramirrB6. Um pouco angustiada ao ouvir ''labirintite'', volto a loja e espero para ir embora. Meu mal estar continua, fico pálida e minha tontura volta a me atazanar.

Tomo os remédios e domingo vou a igreja. Todo domingo, fico meio animada a ir a igreja que frequento. Gosto de ir cultuar, no departamento das criancinhas, e ficar com as pessoas de lá também. Só que, semana passada, não me concentrei como o normal, e ainda estava me sentindo meio lezada e brava. Não falei direito com Deus, por birra. Sabia que Deus sabia o quanto eu tinha ficado irada no dia anterior. Chegando a noite, começo a ter umas ideias vingativas e fico meio ''pirada'' pensando sozinha. Remoendo meus pensamentos ruins, imaginando por exemplo, que teria sido bom pegar o metrô para desmaiar logo de vez e minha mãe me levar ao médico. Minha família tem um péssimo hábido de nunca, nunca ir ao médico, uma prova, é o fato de minha mãe nem imaginar em eu ir ao médico naqueles dias. Voltando, a noite, converso com alguns amigos e continuo brava. Em poucos minutos, depois de conversar com uma amiga que estava preocupda, começo a chorar e minha mãe logo percebe e pede para conversarmos. Eu, toda teimosa, resmungo e evito. Depois, conversamos e aos poucos, discutimos graças ao meu orgulho exagerado, à minha vontade de ter tido atenção das pessoas que eu esperava e à minha amargura. No final das contas, decidimos que eu iria ao médico no dia seguinte para ver a tontura e já percebo que ela parecia estar um pouco magoada. Na mesma noite brigo com meu amigo que me daria a carona no dia, ignoro os fatos e vou dormir.

Concluo sozinha, a caminho do médico, sentindo culpa de ir a uma consulta cara, que fui teimosa, e que tudo aquilo, a raiva que senti em vários momentos, foi desnecessário e também, o quanto ainda tenho de investir em meu pouco-firme relacionamento com Deus.

Sempre gostei de ir ao médico. Talvez seja o fato de ser muito raro eu ir lá. O médico, com aparência de bonzinho me atende e logo começamos os exames. Descubro que estava com infecção intestinal, que as tonturas não tinham nada a ver com labirintite, mas sim do acúmulo de estar com febre, pré-menstrual e diarreia ao mesmo tempo. Tomo soro, e ele dá as recomendações de tomar sopa e remédio por aproximadamente uma semana.

No dia seguinte, omma acorda cedo, me faz a sopa para levar para o colégio e para tomar de manhã. Sinto uma terrivel culpa de ter sido tão infantil e doida, e permaneço em silêncio. Durante o dia, simplesmente sinto culpa.

Lembrando, no dia seguinte, que tinha o capítulo do discipulado a ler, leio. Ele conta uma passagem em que através de Elias, Deus mostra sua existência a um povo idólatra, comentando a coragem do cristão. Lembrando também das instruções da minha conselheira de levantar, ao em vez de ficar me lamentando do pecado, decido tentar voltar a falar com Deus. Conversamos, e comento a Deus que sabia o quanto ainda era infiel como filha. Aos poucos, com mais orações, e busca volto a estudar no meu ritmo, com esforço e ao meu relacionamento com Deus.


Essa semana, continuei a estudar. Por mais que antes eu não acreditasse, cumprir seus compromissos é gratificante e bom para se disciplinar. Converso com minha mãe e meu amigo, me reconciliando e me arrependo dos meus erros, querendo mudar mais uma vez. Terminando os estudos, anteontem, saio do centro cultural, já me sentindo bem fisicamente, um pouco cansada à espera da minha mãe, procurando me distrair. Logo, ouço notas de violão sendo tocadas. Procurando a pessoa que estava tocando, encontro um jovem, de costas a minha direção tocando violão clássico. Tocava muito rápido, era até estranho. Curiosa, me sento perto dele, sem ele perceber ao ponto de olhar em minha direção. Finjo ler, ao tirar um livro e ouço ele tocar. Penso um pouco sobre minha vida com Deus, e procuro avistar minha mãe. Não a acho, então volto ao lugar onde o moço tocava violão, desta vez, na frente dele, chego e pergunto:

- Tudo bem se eu assistir você tocar violão?

Dando uma risada, me estranhando pelo comentário, mas de forma simpática, responde:

- Claro.

Continuo a observá-lo.

- Tu gosta dessas coisas? - ele pergunta- Ou maais ou menos? - fazendo agora uma careta.

- Não, não. Gosto sim. É que nunca vi alguém tocar violão clássico.

Pelo uso estranho de ''tu'' em São Paulo, percebo seu sotaque e comento a ele. Logo, ele volta a ficar em silêncio e toca. Então, minha mãe chega.

- Tchau, você toca muito bem. - digo, dando um sorriso antes de ir embora.

Ele usava, enquanto eu o ouvia de costas, um moletom cinza, bermudas jeans com seu violão ''levantado'', marrom. Cores que gravo, enquanto passo por situações que demonstram, a distância entre eu e meu Deus.

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