beje, creme, cinza, marrom

fez frio de manhã e sol a tarde.
gosto de tempos assim, mesmo que eu sempre carregue um casaco a mais.

estava na estação da sé(metro) assim como muitos outros paulistas ocupados, cansados, animados, indiferentes, em movimento. são poucas as vezes que passo pela igreja grande de lá. vi uma senhora dar a volta no portão para entrar.
não pude conter minha curiosidade daquelas portas altas e fui bisbilhotar.
a igreja da sé é gigantesta. não fazia ideia de que havia uma construção dessas logo ao lado do metrô. a primeira coisa que percebi foi que era horário de culto. uma voz grossa, um tanto melancolica dizia o Pai nosso e uma voz feminina acompanhava os ecos daquele lugar estranho. olhei para cima e vi que a construção era grande, com muitos adornos europeus tanto nas colunas, paredes, estantes, detalhes. muitas imagens, muitos símbolos de Jesus na cruz, santos e Maria. tudo parecia muito intimidante.
ainda bem que tinha pessoas aleatórias como eu por lá, olhando visitando o local. as pessoas em culto não perceberam ou ficaram indiferentes com minha presença. fui para a parte da frente, mais aos lados onde havia uma escada com entrada fechada, e mais detalhes de arquitetura. não parecia algo do brasil. muito menos de São Paulo, a metrópole barulhenta, agitada, perigosa, amável e antiga.
andando mais a frente vi uma entrada também, mas para uma 'cripta'. não sei o que significa, muito menos sabia naquele momento. as portas vidradas com detalhes de ferro preto, ou aço eram bonitas. voltando mais para o meio daquela imensidão percebi 3 coisas. Jesus 1 na parece em uma cruz, Maria com uma adaga no coração olhando para um Jesus 2 dentro de um 'caixão' vidrado com luz. Jesus 2 parecia estar sofrendo. havia poucas ''feridas'', só era magro e estava novamente na cruz. a partir daquele momento, eu oficialmente comecei a não gostar do lugar. por que todo esse apelo a santidade? por que Jesus deveria ser exposto em um túmulo vidrado com luzes como uma atração literalmente turística? porque havia um ''faça sua doação'' nesses objetos com um buraco para você colocar o trocado?
fui em direção à saída e vi dentro de um dos ''armários'' que nomeei, um padre sério, sem expressão pronto para acolher um pecador. em questão de 2 minutos uma senhora, que havia visto antes, com rendas entrou naquele lugar apertado. observei que ela havia se ajoelhado e enfim o padre que não olhava pra nada voltou-se a ela e começou a falar, ou pelo menos, ouvir.
como será que ele se sente ouvindo pecados de outras pessoas, levando em oração naquela seriedade quase triste em que olhava o nada?
talvez meus preceitos prévios estavam muito intactos e talvez eu conheça muito pouco das faces que as pessoas criam e dão à Deus.
porque quem tem Jesus, deveria estar feliz. pensei saindo de lá, depois de ver pessoas e pessoas naquele ar de culpa.
não, não deveria estar feliz. poderia aceitar e aí quem sabe, depois de conhecer ter na intimidade com Ele a felicidade.
sim, precisamos do arrependimento, precisamos entender que Jesus morreu por nós só que aquele lugar, mesmo sendo muito bem estruturado com toda aquela parte vidrada colorida que me chamou a atenção, soava algo errado.