segunda-feira, 5 de julho de 2010

branco



[corrigido!]

depois de dormir e acordar várias vezes, finalmente desperto.
olho a minha volta e vejo meus travesseiros surrados no quarto ainda escuro pelas portas e janelas fechadas com vestígios de um sonho muito estranho: ter o cabelo cortado em uma balada e do nada virar uma negra com cabelos espetados, como tufos. sonhei mais que isso, mas não lembro.
lembrei que era o aniversário da minha amiga, as 10:30am após me levantar. entrei no msn para ver se estaria online. procurei uma resposta do que havia postado e não achei nada além de uma mensagem simples no facebook e fui falar com ela. conversamos vários assuntos, e as horas aos poucos se transformaram em 3:00 pm.
tentei manter minha mente ocupada, porque não queria pensar. pensar demais e sentir certa culpa por algumas coisas, que talvez estava tentando só ''evitar''.
assisti 황금어장(um programa que faz uns questionários sobre a vida de pessoas importantes ou que obtiveram sucesso como um interview, mas informal) de 김연아(Yuna Kim, a patinadora de Vancouver Olimpics) observando a humildade e alguns relatos de que sua família havia passado por problemas financeiros no meio de seu treinamento.
meu pai apareceu com o rosto inchado de tanto dormir e perguntou se eu tinha alguns trocados para pedir pães e manteiga para beliscarmos. não falamos muita coisa nesse processo, o tom de convivência foi mais alto e o silêncio nos tomou enquanto passava o qualy e esquentava sua água para o café claro, sem açúcar.
comecei a ler 'mil dias em venezas'. demorei mais de uma hora para ler 20 páginas do livro que não gostei.
procurei no meu quarto outro livro e achei 'feios'. comecei a ler com indiferença e outras horas se passaram, mas mais rápido, graças à narrativa que me levava a imaginar as cenas.
tomei um banho calmo e voltei à leitura.
depois de 147 páginas, não pude evitar meus pensamentos, que como o previsto voltariam.

me angustiei.

em algum mundo criado pelo escritor havia um rio que dividia duas cidades: Nova Perfeição e a Vila dos Feios.
aos 16 anos, todos os feios jovens da Vila dos Feios recebiam uma cirurgia plástica total em que se tornavam perfeitos e se mudavam para a cidade de Nova Perfeição.
Tally, que mal esperava por sua transformação para poder pertencer à outra cidade, que tinha seu melhor amigo Peris já pertencendo à cidade festiva e tentadora, havia encontrado uma feia, Shay, que não se importava com sua aparência, a não ser por aceitá-la.
disso, fatos que seguem o livro de scott westerfeld, frases e pensamentos me fizeram parar para pensar.
diante de uma consequência a personagem principal havia dito a si que não queria pensar para não um sentir arrependimento(que na verdade chamo de culpa), para não parar no meio do caminho e fazer logo a traição; desinteresse da maioria das pessoas do que era real, porque consideravam que o que tinham, a mentira de viver de aparências, era suficiente.
lembrei que, de acordo com um conhecido, pessoas que estão prestes a se suicidar não falam, só dão sinais sutis. refletindo direito, faz sentido. se eles falassem muito aos outros pensariam nas consequências e não realizariam o ato. acredito, eu.
o silêncio, finalmente ensurdecedor, fez eu concluir ideias como:
'que irônico. pensei que enfrentar as coisas fosse algo que exigisse muito esforço; mas fugir exige um esforço dobrado, porque você tem que enfrentar a covardia até o fim.'
procuro fotos no site de imagens quartos vazios, brancos que lembram o quarto que passei o dia sem ver o céu, o frio e o tempo.
paro de fazer minhas coisas ao ver uma imagem muito bonita de uma senhorita de olhos fechados com seu passarinho a frente, em sua naturalidade e beleza imperfeita, junto com a simplicidade do momento...

talvez parando de almejar o futuro ou o amadurecimento, eu possa ver o tempo me acompanhar e não ver o tempo passar sem avisar. não é?
além dessas ideias aleatórias, enfim, menos angustiada, mas chateada..
me pergunto
que tipo de mentira mais preciso criar para me sentir confortável no que é manipulável?

com dor de estômago, ao lado do meu cabelo esmurrado e descabelado, não distante de minha roupa caseira de torcida da coreia que nunca usei para torcer,
pensei...
não quero mais fugir.

porque não quero mais mentir pra Deus e pra mim.
[Foto de Isabel Kwon]
''Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.'' Romanos 12:1

Um comentário:

  1. "não quero mais fugir.

    porque não quero mais mentir pra Deus e pra mim."

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